sábado, 18 de setembro de 2010

Mistério bom

Não sei exatamente porque ou como.

Começa ainda na cama, acordando sozinho. Eu me espreguiço. Nunca fui muito de me esticar de manhã. Às vezes eu penso que a cama extra-XXG foi mesmo um bom investimento. Mesmo que só pra mim, na maioria das noites.

Não acendo a luz. Vou direto pra sacada, abrir a porta de correr. Se vejo o sol pela veneziana, aquele barulho dos carrinhos e do janelão é ainda maior. Nem lembro que tenho irmã no quarto do lado. Esporro certo.

A cadeira saudosa está lá no canto, onde o primeiro sol alcança. De pijama mesmo, passando por baixo da rede. e me atiro. Às vezes ligo a música. Quase sempre. Quase nunca tomo café ali como gostaria.

Se tá no quarto, Shitara embala. Faz dengo, mia sério por comida, depois se bandeia pra pia do banheiro pedindo água. Aí mia falso. Quer uma carona até a torneira. Eu acabo cedendo.

Reaprendi a ligar muito pouco o computador de manhã. É um segredo simples pra não gastar uma manhã ensolarada dentro de casa.

Banho no meu chuveiro antigo, que é o melhor da casa. Ou dente escovado e roupa de corrida direto. Tá. às vezes eu nem saio. Com o clima que tanto ajuda neste ano, uma revista, um livro ou só música na sacada, ou camuflado mo minúsculo jardim.

É a comida feita em casa, com o mesmo gosto do século passado.É o cheiro de verde-laranjeira, que vai fácil até a infância toda vez que olho também o velho pé de cajú. Uma mistura de saudosismo, harmonia e tesão pela vida que existe e ponto.

Praia sozinho, caminhada acompanhado, mas só de vez em quando. Parque, mato, verde, verde, verdeeee. Nem controlo o sorriso quando tenho a sensação de que 40 minutos demoram pra passar quando quando tô sentindo o vento, o sol e as músicas que eu nem preciso ouvir. Nem cantar.

Saio. Porque, sem ressentimentos, a Beira-mar, mesmo em obras, é muito mais atratativa que a fedentina do Rio Cachoeira. Gosto quando passo pela minha árvore favorita, que tá só cheia de galhos. Parecem capilares. E tem um banquinho que eu devo ter sentado só umas duas vezes.

Ver meu afilhado lindo quando quero, descobrir que Floripa tá cheia de gente que tá cagando pra pose do El Divino, dar um sorriso gratuito e observar muito, muito, as reações das pessoas.

Doces na feira da Alfândega, e rir sozinho quando a tia dos biscoitos me reconhece e diz
- Lá vem o galelo que prova tudo
E compra metade, né, tia?

Futebol, falar do meu time, ir no Estádio, ter uma amiga torcedora pé-quente e ter um monte de torcedor pra filosofar escalações, como se realmente entendêssemos algo.

Pra falar a verdade, eu ando até com saudade de ser reclamão, resmungão. Mas ó: bem de vez em quando.

Floripa é casa, e me faz bem.
E nem falei das noites ainda

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Eurotrip, PHT 01

Nem saí do Brasil ainda e já tô com uma uruca.

Meu voo da TAM que era pra Congonhas foi cancelado, ontem à noite (quarta, 14/apr). Tive que vir pra Guarulhos e esperar o onibus quase uma hora.

Hoje vim bem cedo pra Guarulhos (Check in até 17h, cheguei 14h40). E pode ser que meu voo pra Paris simplesmente não saia!

Um maldito Vulcão explodiu na Islândia e já fechou três aeroportos. O de Paris tá pela boa. Ainda não confirmaram o voo.

E se não confirmarem?

Bom, talvez eu consiga ir amanhã. SE tiver vaga no voo. Mas, como é causa natural, a TAM não dá aconmodação nem porra nenhuma. Ou seja, posso ter que dormir aqui, agarrado na mochila.

Então, quem não tá de olho gordo (tá cheio hein?) que torça por mim para que eu consiga embarcar! Vai dar certo. É só pra dar emoção!

Que sorte que lá a maioria das minhas viagens são de trem!

Pensamento positivo !!!

Caramba, como é que vou falar com o Felipe? Ele tava na Coréia e também esperando o voo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Euforia Europeia

Não sei onde exatamente postar. Importa é deixar registrado o sangue correndo a 45 graus nas veias e em cada capilar. A euforia das férias, 48 horas de Paris, me leva a um embriaguês sem álcool nem estribeiras.

Daquelas de pular dentro de casa, só imaginando a música, os cheiros que nunca senti, as falas que parecem zunidos - e o são.

Não me importo de me perder, mesmo sabendo que isso é possível e provável.

O mundo que vai aparecer pra mim agora é o meu, que de alguma maneir eu sempre quis. Eu vou conquistá-lo com minhas forças, economias, com o meu tesão pelo planeta.

Danço sozinho, canto acompanhado das vozes que me assopram os ouvidos

Vou encontrar um dos meus melhores amigos na metade do planeta. Cada um viaja meio mundo pra fazer tudo isso acontecer de fato e direito. Que coisa maluca esse destino que nos colocou no Brasil e na Austrália. E agora, meio carecas e pançudos vai nos mandar para Barcelona, Paris, Amsterdã, Roma....

Como é bom me sentir tão vivo, tão intenso, inconsequente até.

Como é bom ver os sorrisos sinceros das pessoas que me gostam e sabem como sonhei com isso.

Vai ser a viagem da minha vida. Já é. E estou curtindo cada milisegundo.

Que eu tenha tempo e vocação para transcrever tudo isso.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Reaprendendo

Para ficar no embalo desses momentos de reflexão. Me sinto quase publicando um powerpoint daqueles de listas. Mas não vou deixar de registrar.

Tõ legal, não tô triste. Só ando emotivo e abrindo caminho por mim mesmo :)



terça-feira, 23 de março de 2010

Na hora certa

Curioso como tem filmes e situações e músicas e tantas outras coisas que nos atingem em cheio, dependendo do momento da vida.

Uma boa metáfora:


sexta-feira, 12 de março de 2010

Davi fora da caverna

Na praia, hoje de manhã, comentei com o Rogério K., colega de trabalho e amigo aqui de Joinville.

- O filho da Luciana Zonta é um cara sortudo. E vai ser um ser humano muito legal, pode esperar.

Era a engrenagem de um papo que nós - eu e Rogério - sempre gostamos. Como as pressões sociais/formais podem nos fazer infelizes. O quanto a gente confunde responsabilidade com infelicidade.

E como isso costuma mesmo rolar, com gente de todas as idades. Tudo certo, carro, família, casa, e o cara, assim, despiroca. Resolve ser ele. Ou antes disso, descobrir quem ele é de verdade.
Uma conversa que já foi parar no Mito da Caverna, de Platão.

Voltando ao Davi e à Lu:

Por incrível coincidência, o galeguinho está completando 1 ano hoje. É fofo e já viveu muita coisa que, de alguma maneira, vai refletir no que ele será.

Eu reproduzo aqui um trechinho do post da Lu no blog Cria na Estrada assinado há três meses por ela e pela Caroline Cézar, que eu não conheço, mas já gosto pelo jeito mãe de ser:

Há um ano Davi é crianaestrada. Ficar parado não é com ele. Em 365 dias, Davi já fez um pouco de tudo. Já tomou banho de mar, de piscina, de rio, de cachoeira. Já foi para longe e para perto. Já fez carteira de identidade, já saiu do país, viajou de carro, avião, navio, metrô.

Em um ano, Davi já pisou na grama, na pedra, na areia da praia, no asfalto. Já olhou por-do-sóis, já dormiu na rede, já tomou vento no rosto, posou para milhões de fotos, acenou para as pessoas, já viu Rally Dakar ao vivo e a cores.


Parabéns então, Davi, Lu e Adão
!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Supersincero mode off

Faz uns dez dias que isso não sai da cabeça. Com tantas mudanças à vista, porque não mudar, ele mesmo, algumas coisas que o incomodam?

Por que se tornara tão grosseiro?
Por que um deboche tão visceral?
Personalidade tem limite.
Uma espécie tranca social.
Que, ele sabia, tinha facilidade para arrombar a fechadura.
O problema é fazer isso sempre.

Poderia vir de longe, lá de 2002/03, quando delfinhou, incrédulo, diante de mentiras deslavadas.
Aquelas que o fizeram se fechar numa caverna submersa, fria. Mas com vida escondida.
Dessas que o Discovery encontra, mergulha, filma, e a gente diz: "caramba, que troço bonito"

Seria, então, a úlcera surpreendente que teve em 2009?
Estava lá, aquele buraco no estômago
Diagnóstico óbvio: engolindo sapos demais.

Resolveu inverter o processo
Era ele quem botava para fora cobras e lagartos
Muitas vezes, sem cerimônia.
Várias vezes, rebatia com mais força do que recebia.
Parecia querer ficar por cima.

Embrulhado na bandeira da sinceridade
Feriu
Esqueceu das entrelinhas, que ele mesmo valorizava
Confundiu transparência com grosseria.

Esqueceu que seu tamanhão, a voz grave
e o jeito estabanado e explosivo tornavam aquilo exponencial.
Avisado, ele foi
Mas era mais fácil lançar fumaça,
Atear fogo, mudar o foco.
Ainda é.

Insistiu e decidiu.
Começaria devagar, Engolindo um sapo ou outro.
E quando se desse conta, perceberia que aquelas raquetadas não eram mesmo necessárias.

Num Ano Novo com tantas metas ousadas, por que não exercitar sua paciência?



EXERCITANDO A POLIDEZ

Rodrigo. A recomendação aqui é clara: você não poderá agir de maneira completamente espontânea, dizendo tudo o que lhe vem à veneta. Ainda que você saia com a sensação de estar se portando com falsidade, será preciso estratégia e diplomacia para lidar com algumas circunstâncias difíceis. Ande pelas beiradas e evite os confrontos diretos a qualquer custo. Vivemos em sociedade e muitas vezes as circunstâncias exigem “planejamento comportamental”, demandando que aprendamos a sorrir para pessoas que não apreciamos. Sua paciência será recompensada.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Caligrafia




















Faz três meses que ele jurou: voltaria a ser protagonista.
Controlaria de novo a escrita, mesmo que afobada.
Não importaria se carregasse nas tintas. Era a sua caligrafia.

E com a pena na mão, moveu-a feito um elefante com obesidade mórbida.
É só falta de prática, pensou.
Ou talvez fosse exatamente o que queria naquela hora.

O exagero de Almodóvar
Que deveria, esse sim, ter dirigido "Frida Kahlo" o filme.
Na vida imediatista e intensa, houve tempo para ela, a intensa Frida.
E na frente da TV, as lágrimas dele, que tinham trezentos e vinte e sete motivos para rolar,
Vieram.

Engoliu o salgado, soluçou, tossiu,
Contraiu tanto as mãos que as unhas marcaram fundo a carne.
E agradeceu por existirem
Ele, ela, elas.
As lágrimas.
E as tintas também.