quinta-feira, 4 de março de 2010

Caligrafia




















Faz três meses que ele jurou: voltaria a ser protagonista.
Controlaria de novo a escrita, mesmo que afobada.
Não importaria se carregasse nas tintas. Era a sua caligrafia.

E com a pena na mão, moveu-a feito um elefante com obesidade mórbida.
É só falta de prática, pensou.
Ou talvez fosse exatamente o que queria naquela hora.

O exagero de Almodóvar
Que deveria, esse sim, ter dirigido "Frida Kahlo" o filme.
Na vida imediatista e intensa, houve tempo para ela, a intensa Frida.
E na frente da TV, as lágrimas dele, que tinham trezentos e vinte e sete motivos para rolar,
Vieram.

Engoliu o salgado, soluçou, tossiu,
Contraiu tanto as mãos que as unhas marcaram fundo a carne.
E agradeceu por existirem
Ele, ela, elas.
As lágrimas.
E as tintas também.



2 comentários:

Raquel Stüpp disse...

lindolindolindo.

bem vindo de volta, fazia tempo que tu não escrevia!

Raquel Stüpp disse...

lindolindolindo.

bem vindo de volta, fazia tempo que tu não escrevia!