terça-feira, 15 de setembro de 2009

Desastre é com a Defesa Civil

Esse tornado que passou por SC semana passada levou um monte de coisa boa, inclusive vida. A tristeza é grande lendo textos, ouvindo histórias e observando a destruição pelas lentes.

Mas tem coisa "inacreditível", que só deve acontecer com a nossa bendita Defesa Civil de SC.

Sexta-feira de noite, quase sábado, dúvida maldita para liberar a página: o que raios é uma pessoa deslocada? Alguém que foi arrastada pela ventania, pela água, pela terra?

- Alô, é da Defesa Civil Estadual?
- Sim senhor
- Com quem eu falo?
- Aqui é o Sargento Garcia (nome alterado para preservar a fonte)
- Ôooo, sargento.... o senhor pode me explicar qual a diferença entre desabrigado, desalojado e principalmente, deslocado?
- Ah, pois não...
- É que desabrigado era quem ia para ginásio, essas coisas. Desalojado ia para casa de amigos, parentes né, sargento?
- Isso... isso
- E o deslocado, é o que?
- Ah, então... é que agora tem essa categoria... Deslocado é o seguinte. Separamos agora quem vai para casa de amigos e parentes. Quem fica com amigos é deslocado. E família, aí continua desalojado
- Mas por que isso? Não é mais difícil de contar?
- Olha... então, foi o que criaram...
- Tá certo, então... obrigado viu seu Garcia?!
- Qué isso, tamos às ordens.


Tava difícil de acreditar. Foi melhor consultar os colegas de outro jornal

- Deslocado? Pra gente disseram que é quem precisa sair da cidade.
- É... faz mais sentido...

tã tã tu tu tu tã tã tã
tuuuuuuu....

- Alô, sargento Garcia?
- Pois não?
- Então, eu falei com o senhor agora há pouco... tá lembrado?
- Sim, claro, claro, prossiga
- É que eu ainda tô com dúvida. Uns colegas da imprensa disseram que deslocado é quem sai da cidade. E o senhor me disse que é a pessoa que vai para a casa de amigos. O que tá certo afinal?
- Olha....

Silêncio curto e interminável

- Na verdade, viu... as duas coisas tão certas
- Hã?
- É que funciona assim... Na verdade deslocado é um termo usado bem para o interior sabe... Então... no interior geralmente as pessoas não têm amigos na mesma cidade... porque as cidade são pequenas... daí elas vão para a casa de amigos, mas em outras cidades... entendeu?

Silêncio do lado de cá...

- Sim, sim... entendi, mas aí fiquei com outra dúvida.
- Diga...
- E se eu for para a casa de um parente fora da cidade?
- Ah, aí é sempre desalojado!

Ainda bem que ele não quis complicar, né?

Eu só me pergunto quem vai consertar o desastre e os estragos jornalísticos provocados pela própria Defesa Civil...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Um bico na valsa

Não dançar a valsa no casamento anda quase tão comum quanto era dançá-la.

Aqui, além disso, ainda teve um investimento. Nunca tinha visto nada parecido! Eu achei BEM legal :D

A Ana e o Julimar ensaiaram muito bem essa bicanca no balde. E pelo visto, a profe foi a Aninha.

Casamento do meu ex-colega de facul com a minha colega de trabalho de trabalho. Que bom que a vida foi justa, e pessoas legais se conheceram e, tomara, sejam felizes até o fim dos dias.

Uma das festas mais divertidas e alegres deste ano!

O vídeo é um futuro fenômeno do Youtube.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Faz parte do meu show

Essa talvez seja difícil de entender, porque só vendo a figura pra saber.

Seria preciso conhecer o músico meio espaçoso que só não faz como a Suzana Vieira, de roubar o microfone do Videoshow, porque ele é um cara gente fina, mas meio fora da casinha. E ela é uma otária mesmo.

Foi semana passada, no Liverpool, um bar tão legal em Joinville que, por isso mesmo, se arrasta.
Betinho toca sextas-feiras no Fritz, ou Gutz, boteco que vou desde que me mudei pra cá. Com seu chapéu crocodilo Dundee, ele é intermunicipalmente conhecido por seu jargão: "Ó meu Brasil!" Está sempre às voltas com uma bandeira do país.

Era quinta-feira, show de uma das bandas mais legais da cidade, a Reino Fungi. Com eles, a Karadura. Tributo ao Raulzito. Heineken descendo bem, som maneiro.

Aí acabou o o show. O pessoal das bandas chamou quem queria cantar, dar uma palhinha, pra encerrar cantando tipo maluco beleza. O tal músico tava por lá, um pé no palco, outro no degrau. Cantou de canto de boca no microfone do lado da caixa de som. Mocozado. Isso no começo.

Porque quatro músicas depois, o queridão já tava bem no meio do palco, dominando a parada. Tomou o microfone dos vocalistas, embrulhou a bandeira no pescoço feito um cachecol, gritou "Ó meu Brasil" loucamente.

Eu e o parceiro de copo já estávamos incrédulos, rindo, e até esperando pela... hm... participação. Mas aí o cara se superou. Quando acabaram todos os bis, ele mandou essa

- Valeu gente! Queria muito agradecer a presença da Reino Fungi e da Karadura aqui, nesta noite!

Só faltou querer inteirar o couvert!




sábado, 18 de julho de 2009

Ei, você! Adeus!

Por algumas razões (nem tantas assim) essa música anda fazendo bastante sentido. No trabalho!
Boa para sempre!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um pseudofim

A noite de quarta estava gelada.

Mais ainda estavam as cervejas* que eu tinha deixado preparadas, antes de sair de casa, no final da manhã.

Erdinger, weiss alemã.
Licher weizen, também alemã.
Strong Gold Ale, Eisenbahn, brasileira boa

Cada uma com seu copo. Cada uma a seu tempo.

Era para celebrar (?) o fim de uma fase da vida. Um tempo que, por mim, durava até o dia que eu ficasse completamente insano, e sem condição motora alguma. Um pouco de drama meu, outro tanto de "contrariação" por estar sendo praticamente forçado a mudar o rumo.

Se tem coisa que gosto na vida, além de cerveja boa, além de amigos, é ser repórter. E é o que não vou ser mais,a partir de hoje, e possivelmente por um bom tempo. Ao menos não full time, como era até há pouco, 14 de julho, quando saí da redação de AN andando miudinho, arrastando os pés, como que numa despedida pela metade.

Mudei, na prática, de função. Passei o dia e a noite - com as cervejas, claro - remoendo desde o começo de 2001, quando comecei, eufório, no O Estado, hoje completamente destruído. E lembrando.

Do presidente da Câmara de Piçarras com o pescoço vermelho com uma matéria sobre uma CPI de lá
Do doutor Welson de Blumenau, que receitou sexo para quem queria muita fluoxetina
Da minha primeira capinha do "OE Fim de Semana", com um texto que hoje eu tenho vergonha até de ler.
Dos bafões em Barra Velha, quando até esvaziaram os pneus do meu carro.
Dos motoristas e fotógrafos besteirentos e parceiros, quase todas as vezes.
Do calafrio e taquicardia que senti numa casa semi-abandonada do Jardim Paraíso, na noite que dormi (?) por lá.
Dos pedidos sofridos que nem eu, nem minha caneta nem meu bloco seriam capazes de atender, tamanha a ineficácia do poder público.
Da catinga das minhas roupas usadas durante a cobertura das enchentes
E do cheiro de falta de banho e dentes escovados dos abrigos que visitei pelo mesmo motivo.

Lembrei de outras tantas coisas que estarão no meu obituário, ou epitáfio, ou desastrosa autobiografia, num quem sabe um dia.

Mas me doía mesmo pensar que aquela baita história eu não vou mais contar. Elas não aparecem todos os dias. Na verdade, a proporção de quinquilharias nesse baú de pautas é muito maior. Mas é que nem promoção, balaio. Revirando no meio da cacalhada sai uma coisa boa, e tudo parece valer o esforço.

Emocionalmente, ao menos. É assim que as empresas de comunicação seguram jornalistas dedicados: alimentam o tamaguchi, deixam a paixão pela coisa, que vem do berço, fazer de conta que tampa o rombo no bolso.

Já doeu mais. Alguma coisa me diz (talvez eu mesmo) que nunca vou deixar de fazer isso. Conversar, conhecer, criar. Taí. Gosto desses três verbinhos juntos. Talvez com um quarto, junto: discordar.

Como diz o CD da Alva, banda de um amigo e tanto, ah... que saudades do futuro!


* // Cervejas boas são outra mania, além de cama arrumada. Só que mais forte.Tenho fama de pão duro, mas com cerveja boa, isso vai para o espaço. Acho que é meu luxo. Ser mestre cervejeiro artesanal seria um dos meus planos para tantas vidas que poderia viver nesta aqui //

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Como não arrumar a cama

Tenho uma mania estranha. Gosto da cama arrumada, sempre. Lençol embaixo, dobra por cima do edredon, quatro travesseiros. É bom ver, e bom também deitar na cama organizada.

Mesmo quando você tomou umas geladas. Como diz o Jean: meu direito à dignidade.

Só que seres descoordenados como eu deveriam fazer cursinhos com camareiras, ou sei lá quem.

Pra lá de meia-noite, fui esticar o lençol de cima.

Joguei, calculado, para usar o ar sob o lençol e fazê-lo cair, do lado de lá bem certinho, nos 15 cm entre a cama e a parede.

Pá, pá, pluft-cléc-tóim, pst.

Engalhei a parada no ventilador de teto, que tava desligado.

"Por sorte, a tragédia não foi ainda maior", diria o âncora da TV. Não que ele goste da palavra. Longe disso.

É. Veio a lâmpada abaixo, junto com o bocal. arranquei tudo, só ficou o ventilador. Não se espatifou porque caiu em cima da cama. No escuro, meio tolo, meio assustado, abri a janela, acendi a luz da sala e terminei a tarefa.

Com uma luz horrível, plugada na tomada, ainda tentei o "infazível". Reparafusar o que tinha estraçalhado. Óbvio que não deu. Ao menos tive a decência de desligar os disjuntores.

Não tem jeito.
Sou obrigado a inteirar a boa piadinha do cartão


Geladas depois do expediente, em casa: R$ 10,00
Amendoim torrado no microondas: R$ 2,00
Eletricista, depois da cagada com o lençol: R$ 35,00
Ir dormir com a cama arrumada: não tem preço!


*** NA FOTO, a cama arrumada, com a parede que dá fundo ao topo do blog.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Uma nova escolha?

Quase doze anos depois de fazer vestibular, uma indigesta escolha profissional. Dessa vez, dentro do jornalismo.

Lembro, óbvio, daquele conversê de "escolham o que gostam" ou "garantam seu futuro".

É. eu escolhi ser feliz, ao invés de ganhar dinheiro.

E parece que vou ter de escolher de novo.

Só que, agora, não tenho mais a alternativa de muita bufunfa. Não agora, não desse jeito.

Perto dos 30 anos, o balde que você chutou há uma década virou uma caixa d'água de 5 mil litros, cheia até a boca. Não tem coturno que resista.

Pensando bem... Nada me impede de furar a caixa e esvaziá-la. Depois quebrar o "balde" em mil pedaços com marretadas.

(...)

Eu deveria retomar o plano paralelo de trabalhar em loja de balaio, com microfone e alto-falante pra chamar a clientada.

- É trêx calcinha só pagar dérreau, vamo chegano, minha senhora, vamo enlouquecer o maridão com o conjuntinho vermelho que tá por 14,99, menos de 15 reais, é prá levar de todas as cores, viu, você aí, do outro lado da rua, que tá olhando e pensando, não pensa não, entra, compra e conta pras amigas depois, minha senhora, vamo chegando!

Tudo assim, emendado, sem pontuação meeeermo.

Assim, não fosse a grana, ao menos ajuda no lado do tal de ser feliz.


*** Oi, tô de volta. Sei lá por quanto tempo. Não desisti das historinhas. Só preciso de espaço pra mim e pra elas.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Doeu em mim

É como se fosse comigo.
Roubaram o carro da Chelle ontem.
Por mais que tenha seguro, isso é uma aporrinhação só.
O jeito como foi, e até a reação de algumas pessoas é que deixam a gente chateado. Ou puto da cara mesmo.

"Ah, mas tem seguro. menos mal"
"Vão os anéis, ficam os dedos"
Ouvimos bastante... Mas Isso não anula algumas emoções que a gente precisa sentir, apesar de não gostar nem querer.

No trabalho. É, roubaram o carro enquanto a gente dava o sangue, fazia o nosso. Peão é assim. Fica com carro na rua. NA RUA. Você vai trabalhar, e não tem segurança de que o carrinho que comprou com tanto suor, que simboliza um pouco de tanta coisa, vai estar ali quando você voltar.

O resultado final é o mesmo: sem carro. Mas desse jeito, é pra ficar ainda mais puteado. Ainda mais sabendo que não foi o primeiro. Faz meses, aconteceu exatamente a mesma coisa com um colega que sentava na minha frente. Nada mudou.

Uma empresa que lucra milhões, que distribui peru de natal, manda mensagens de gratidão e o escambau, poderia alugar o terreno baldio do lado, que até já foi usado como estacionamento pra um evento do jornal. Quando veio o governador, o escambau, aí conseguiram emprestado. Curioso, né? Não sei os trâmites, só estou aborrecido e ainda me perguntando o porque disso.

Drama? Materialismo?

Porque não foi você que abriu mão de tantas outras coisas, passeios, baladinhas e seu restaurante favorito pra pagar aquelas prestacões que não acabavam nunca. Mesmo quando seus amigos estavam no bar, a pé, e achando que aquilo tudo era frescura.

É. Porque o carro representa, para ela e para tanta gente, uma conquista pessoal. É uma espécie de personificação. A primeira grande conquista. Só quem passa por isso sabe. Eu acompanhei as últimas parcelas, celebrei junto. E estou profundamente irritado, chateado e triste. Tudo junto.

Não é justo que a gente faça a nossa parte, rale pra caramba, ajude os outros, prepare nosso humilde passeio de carnaval no único dia de folga que teremos no "feriado nacional" e uma merda dessa ocorra. Não é justo com ela, que só faz é ajudar os outros. O carro limpinho, revisado, zeradinho, tão cuidado por ela é para ela, não pra um filho da puta fazer farra ou sabe-se lá o que.



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Indiada Alanesca


Alanis Morissette marcou minha adolescência e de milhões no mundo inteiro lá por 1997. Por isso, quando tocou em Floripa há quase duas semanas, (vídeo podre lá embaixo),a canadense teve um público de 20 e poucos e 20 e muitos anos. Pouco menos que os 30 e tantos dela.

Nostalgia que fez muita gente que detesta fila voltar alguns degraus e encarar chuva e horas de espera pra ver a gringa. Eu e a Chelle (ela, bem mais parceira minha que admiradora da Alanis) tomamos umas três horas de Chuva. Mas Chuva de escorrer até dentro dos tênis, de jorrar água da camiseta. De dar frio com aqueles ventos encanados de Jurerê.

Alanis subiu no palco mais de três horas depois de a gente entrar. Chegamos meio cedo, e isso merece um postzinho só.

Chuva e vento eu reclamo de ranzinza. Mas no fundo adoro. Sempre dá vontade de sair correndo na chuva. Claro, com a certeza que volto logo para o quentinho, assim que quiser. No show, já tava q era um maracujá de tão murcho, esperando o som.

Valeu. Foi um show internacional bem bom depois de muitos anos. Coincidência, há uma década eu também gostava da Shakira (tá, confesse!), ainda latina e gordinha. Tocou exatamente no mesmo lugar, que tinha, claro, outro nome e outro palco. E nauela noite também choveu.

And isn't it ironic, don't you think?

Confesso que lá no meio do show, depois da terceira música lenta seguida xinguei a Alanis por causa do frio.

- Canta uma rápida que tá gelado, sua vaca.

Foi só murmúrio. Depois passou

O show pareceu mesmo sair do final dos anos 90. Muitos sucessos daquela época. Som de primeira, parecia muito com um CD que a Alanis gravou em 2006, em Salt Lake City. Só que com guitarras mais sujas.

Depois de um ano meio infernal, 2009 com um começo bacana. De alguma forma, a Ilha, o show, o momento bem legal com a namorada, me fizeram resgatar um pouco do Rodrigo perdido nessas andanças todas. Estourei um pouco do plástico bolha que está ao redor.

Chega de asfixia.


sábado, 31 de janeiro de 2009

O carona, a placa e o radialista

Ele e a cidade inteira já estava emputecidos com a situação.

Passou a chuva, veio o sol de rachar que durou dias inteiros. Mas a tal da placa de área alagada continuava lá, aporrinhando a vida do motorista. Desvio pelo paralelepípedo irregular. Lentidão. quase acidente. Todo dia, dia sim, dia sim.

Usava a rua todo dia para ir e voltar do trabalho. Ele e um caminhão de gente que chegava e saída da cidade.

Madrugada de um dia de semana. Voltando do boteco já embalado, fez o que sempre quis. Enfiou o carro popular entre uma faixa e uma placa de interdição. Primeiro obstáculo vencido fácil. Mais 200 metros, tocou o pé no freio. Não dava mais. Placa, placa e placa. Três.

O caroneiro quis aconselhar:

- Melhor fazer a volta, acho que não passa.

Não deu ouvidos. Andou mais, chegou bem perto. Parou

- Tira a placa
- Quê?
- Tira a placa da frente!

O caroneiro desceu do carro meio sem jeito. Lembrava aqueles que nunca tinham pixado nada, olharzão desconfiado. Logo ele, descolado-mór.

Pegou a placa amarela e preta com a ponta dos dedos das duas mãos. levou nem meio metro para o lado.

- Passa?
- Derruba!
- Passa o carro?
- Derruba esta merda!

Deu um safanão meio despretensioso. A placa bambeou para os dois lados, e caiu em pé.

- Derruba esta merda !!!!

O segundo empurrão foi mais que suficiente. Placa de pés e pernas pro ar.

Caminho aberto, caroneiro de volta, caminho livre. Riram, mas o melhor estava por vir.

Dia seguinte, perto das 11 da manhã, passou de novo por lá. A placa continuava lá, de pernas pro ar. O trânsito, nem lá, nem cá. Invasores do espaço estavam seguindo o asfalto. Os certinhos iam pelo desvio esburacado.

Deu mídia. Radialista conhecido na cidade abriu comentário em seu programa de meio-dia

- Olha, gente, hoje passei ali na frente do cemitério e vi uma cena que me chamou a atenção. Derrubaram a placa de interdição, e estão passando. Bom, eu fico pensando que o quão indignado está esse cidadão pra fazer isso. Me coloco no lugar dele, tendo de desviar todo dia. Acho que ele externou o que muita gente estava tendo vontade. Seja lá quem foi, abriu caminho com as próprias mãos, porque a prefeitura simplesmente se omitiu.

À tarde, os guardas já tinham erguido tudo de novo. Mas, talvez por coincidência, pegou a moda. Passou mais uma semana, e cada noite, um doido derrubava.

Até a prefeitura "nova" tomar vergonha na cara e começar a mexer no barranco, motivo de toda aquela interdição. Tiraram os cavalentes dez dias depois.

... E dizem que bêbado só faz merda.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A bicicleta e o porteiro

Já tinham terminado o namoro. Ele, inexperiente, até que tinha suportado bastante. O cara era muito na paz. Mas a guria? Ah, ciumenta e anti-social. Tá, era um porre mesmo.
Saíam com amigos dele, ela mal falava com os outros. Cara de paisagem, e paisagem de dia cinzento no meio do concreto. Isso quando saíam. Ela viajava? Nem muito aí pra ele.

Foi mesmo o melhor.

Depois do fim, fez o que muitos diziam ser certo: se livrar da maioria das lembranças. Fotos foram para a fita. Conversas botaram algumas mágoas para fora. 

Mas a bicicleta ergométrica continuava ali. Não era sua. Nem dela. Era emprestada da sogra. Aquela, sim, era gente boa com ele - é o que ele dizia

- Tu usa muito essa ergométrica?
- Não, não
- Então me empresta?
- Arrã.

A cara-de-pau já não impressionava os amigos. Mas ele lá foi ele, com a bike enfiada no bagageiro do carro popular.

Se ele usou? Meia dúzia de vezes.
Mas a herança estava lá. E ele não queria mais o menor contato com o lado de lá.

Aí, descendo o prédio de samba-canção para ir ao mercadinho (fazia isso com certa frequencia), parou no porteiro. Para ele, todos os porteiros eram gente fina.

- sabe de alguém que quer comprar uma bike ergométrica?
- quer quanto nela?
- Uns cem pila
- tá inteirinha?
- quer ir lá ver?

Não demorou, o negócio estava fechado. O homem-cueca ajudou a descer a bicicleta, feliz da vida.

Só não faço idéia da explicação que ele deu, semanas depois, quando a ex-sogra ligou pedindo a ergométrica. Devolver, eu tenho certeza que ele não devolveu.




sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Papagaio no apito



O árbitro Gary Bailey deu "cartão vermelho" ao papagaio chamado Me-Tu, de nove anos, em um jogo amador, no Reino Unido, depois que o pássaro começou a imitar o barulho do apito, o que provocou confusão em campo, segundo o jornal inglês "Daily Mail".

O papagaio foi levado na gaiola por sua proprietária Irene Kerrigan, de 66 anos, ao jogo envolvendo Hertford Heath e Hatfield Town, em um torneio de veteranos, porque o pássaro gosta de observar os jogadores correndo. "Eu já mandei alguns jogadores para o 'chuveiro', mas eu nunca tinha expulsado um papagaio", disse Bailey. 

Aos 10min do segundo tempo, segundo o árbitro, um jogador partia com a bola para o ataque, mas, de repente, ele ouviu um apito e parou. No entanto Bailey destacou que não havia soprado o apito em nenhum momento. Após uma breve parada, ele deixou o jogo amador continuar, mas o papagaio seguiu imitando o barulho do apito, interrompendo o jogo outras vezes.

 Primeiro, o juiz pensou que era a própria Irene Kerrigan quem estava fazendo o ruído. "Não sou eu, é o meu papagaio", afirmou a mulher para o árbitro. Sem alternativas, Bailey teve que expulsar o pássaro de campo porque ele estava arruinando o jogo. Evidente, sua dona também foi mandada embora.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Táxi


Madrugada, meia dúzia de taxistas conversavam no ponto. 

Táxi é também loteria. O motorista que está na vez reza para pegar boas corridas. Se der errado, vai pro fim da fila sem a bufunfa.

Mas também pode dar um jeitinho

- Boa Noite
- Pra onde, patrão
- Hotel Íbis
- Sim, sei
- Mas quanto vai dar
- Levo o senhor lá por R$ 5
- Obrigado

O velhinho, recém chegado na cidade, ia se dirigindo para a porta de trás. O motorista já tinha pegado a sua mala. com a mão direita.

Com a esquerda, trancou o carro, deois catou o idoso pelo braço e saiu andando ráaido.

- Que é isso, meu senhor?
- Estamos indo para o hotel.

A conversa parou por aí. Mas nem daria tempo de se alongar.O Hotel ficava na outra quadra.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Quarto errado

Acho que, afinal, encontrei um sentido para este blog. Publicar histórias engraçadas, cabreiras e absolutamente verídicas. 
Coisas de trabalho, coisas que a gente escuta no carro.
Claro, nem sempre vou contar quem é o autor da façanha.

Lá vai uma:

Verão do início dos anos 2000. Galerinha. Um que dorme na casa de outro, que chama mais não sei quem pra sair, e acaba ficando esparramado na sala. Casa cheia. Alugada, claro.

Nosso herói já tava embalado na balada. Curtiu, bebeu, beijou. E se perdeu da galera. Com homem tem mais aquele esquema de "ah, deixa o cara, se deu bem, ele sabe como chegar". Ainda mais se o botequinho é meio perto de casa.

Cinco da matina, bebaço, chegou no predinho de quatro andares. Subiu as escadinhas do térreo e foi logo fazendo o que estava combinado. Entrou pela sacada do apê, que estaria só encostada. Olhou aquela meia dúzia de colchões na sala, não deve dúvida. Estava a salvo. Tirou calça, camisa, sapato, relógio. Se jogou num cantinho de colchão. Mal se cobriu.

Quando acordou, já perto do meio dia, foi o maior cagaço. Só não sei se dele ou das pessoas que estavam ao redor. 

- Que merda é essa? 
- Quem é essa vó com essa canga horrorosa?
- E essas crianças?
- Cadê a minha calça, caralho?

A familiarada se reuniu ao redor do dorminhoco. O que tinha cara de paizão fez o óbvio.

- Cara, quem é tu?
- Quem são vocês?!!?!? Cadê todo mundo?

Descobriu, segundos depois, ainda tentando se enrolar no lençol, que tinha pulado a sacada errada. Se vestiu, pediu desculpas, e ainda tomou um gole de café.

Saiu pela porta, deu dois passos, e entrou. Outro vuco-vuco. Queriam saber onde o jaguara tinha se enfiado. 

- Dormi aí do lado...

Na praia e no boteco ele foi de novo. Mas naquele prédio, não voltou foi nunca mais.