quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Flores


Esse é um daqueles pensamentos que todo mundo já teve, mas dificilmente coloca em prática. Combina até com o merchan do BESC (Banco), de "dar valor ao que realmente importa".

O pai de um amigo está mais perto de Deus, agora. Foi ontem, por causa de um desses câncer que tiram tanta gente boa do mundo. No velório, não conhecia muita gente. Pra falar a verdade, nem o pai do meu amigo.

E daí? A gente compartilha da dor dos outros, tanto quanto da alegria. Que bom - e que ruim - que é assim. Eu via lágrimas sofridas, olhares perdidos e abraços sinceros. Mas não tirava o os olhos das coroas de flores. Eram muitas. Contei doze. De associações, de clubes, empresas, amigos, e claro, da família. Eram como são as coroas, melancólicas e bonitas.

O que me veio à cabeça é: tomara que ele tenha recebido tantas flores, tantos louros e carinhos quando vivo. Fiquei pensando a última vez que dei flores a alguém e fiquei com vergonha de mim mesmo.

Não faltou oportunidade, porque bastava criá-la. Acho que só não tive iniciativa. Ou fui mais um refém desse cotidiano mais ou menos, em que a gente respira, mas não sente os cheiros. O ar entra e sai instintivamente, mas o perfume das rosas ou o cheiro de podre, depende um pouco mais da nossa percepção.

Eu, que tanto gosto de presentes fora de hora e data, ignorei tudo isso por meses. E agora, que retomo momentaneamente a consciência, continuo ignorando. Até que faça algo, de coração.

Espero que quem ler, também.

6 comentários:

Fernanda Watzko disse...

Num dia tão chuvoso, frio e cinzento. Teu texto veio aquecer o meu coração... Nessas horas eu ainda acredito que deve existir muitas outras pessoas boas e sensíveis às coisas do cotidiano assim como você. E é nessas horas que percebo que nem tudo está perdido... viajei agora, ando meio nostálgica, carente, sei lá, vai ver é falta de sol... Mas enfim, tudo isso é pra dizer que adorei, e continuo mais fã do que nunca!

Michelle Castro disse...

Triste e real o que você disse. Somente na dor e na perda lembramos do quanto deveríamos ter amado mais. O desafio é deixar essa percepção viva no coração, sem as tribulações nos obrigarem a enxergar.
Beeeeeijos lindão! Amo-te!

Raquel Stüpp disse...

uma vez tu me deu flores no dia dos namorados. uma rosa daquelas gigantes, bem vermelha e bem bonita.

;

nada a ver com texto meu comentário.
e ao mesmo tempo... tudo a ver

Georgia disse...

Vi teu link no blog da Dra Repolha e não pude resistir...
Sabe qual é o nosso problema? É que achamos, na verdade, que as pessoas vão estar no mesmo lugar em que estão hoje, amanhã. Vai dizer que você já não pensou um dia que hoje estava lotado de compromissos, mas amanhã iria dar. E vem o amanhã e é a mesma coisa. E assim a vida segue, numa sucessão de desencontros. Até o dia em que você se dá conta que devia mesmo ter mandado aqueles flores. Afinal, podia ter sido a mulher da tua vida, aquele amigo que iria te acompanhar pro resto da vida, mas você, sinto lhe dizer, vacilou. Uma comparação besta agora, mas real. Por que será que a gente nunca tira fotos dos pontos turísticos da cidade onde mora? Porque amanhã eles irão estar exatamente no mesmo lugar. Mas e você? Vai?

Inconstante disse...

qê sabê? é por isso que eu chuto aniversário, natal e outras datas comemorativas.. isso sou eu, sei que tem gente que gosta disso, mas eu não ... gosto mto de chegar do nada e dar um presentinho, singelo, mas mto profundo pq gosto realmente. Um chocolate, uma bala, que seja! qualquer coisa, mas carinhoso e fraterno... sentimento que cultivamos por poucas pessoas não é mesmo? Mas pessoas marcantes que por mais longe que estejam uma ligação faz com que o dia se torne lindo...

grandes bjos
e inte mais

Raquel Stüpp disse...

tu me deu flores
num dia dos namorados há uns 03 anos.
lembra?

uma rosa gigante. argentina acho.


foi lindo.

te amo tanto